Governos do
NE recebem orientação sobre criação de unidades de conservação ambiental na
caatinga
A partir desta terça-feira (24), representante dos governos da Região
Nordeste começam a receber orientações sobre como criar unidades de conservação
estaduais (UCs) na caatinga e quais os benefícios que estas áreas de
preservação podem trazer para as populações locais. A oficina deve reunir, em
Petrolina (PE), técnicos estaduais que trabalham com a conservação do bioma,
presente em 850 mil quilômetros quadrados do país.
Francisco Barreto Campelo, diretor do Departamento de Desertificação do
Ministério do Meio Ambiente, explica que existe uma tendência de
descentralização do processo de conservação no Brasil. Para o engenheiro
florestal, no caso da Caatinga, a descentralização tem uma função ainda mais
importante por ser considerado o bioma mais populoso do mundo, com importante
função econômica nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, da
Paraíba, Bahia, de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais.
Segundo dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente, 30% da matriz
energética dessa região vem da lenha obtida por meio de exploração não
sustentável. A Caatinga também é usada para pastagem de gado, produção de mel,
comercialização de frutos e como suprimento de energia na produção de cerâmicas
e da indústrias de gesso.
“O principal vetor para desertificação é o uso do recurso natural como
fonte energética sem critérios sustentáveis. Especialmente com a seca, o homem
vai acabar com a única opção produtiva desta época, que é a madeira,
principalmente se temos uma matriz que consome essa lenha”, disse Campelo,
defendendo um convívio econômico com maior eficiência.
Um dos exemplos bem sucedidos que serão apresentados aos técnicos
ambientais é o de uma indústria de cerâmica que utiliza 0,3 metro de lenha para
produzir um milheiro de tijolo, enquanto a média gira em torno de 2 a 3 metros
para um milheiro.
“Temos que fomentar boas práticas de uso dos recursos, integrando isso
nas atividades econômicas dos agricultores e, ao mesmo tempo, viabilizando a
manutenção dos serviços ambientais e conservação ambiental”, defendeu.
Para Campelo, enquanto as UCs de proteção integral são necessárias para
armazenar material genético e servir como ambiente de pesquisa, as UCs de uso
sustentável podem interagir diretamente no dia a dia da atividade econômica,
considerando, principalmente, a realidade da região que tem a lenha como
principal matriz energética. “Muita gente acha que pode mudar a matriz
energética do nordeste. Apoio o desenvolvimento de novas fontes de energia, mas
estamos qualificando a fonte que ainda hoje é a mais usada”, disse. (Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil)
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