segunda-feira, 11 de julho de 2011

David Byrne ataca na Flip modelo urbanístico ‘insustentável’

Quem esperava ouvir o escocês David Byrne falando na Flip sobre música e os tempos de

Talking Heads, recebeu uma aula de urbanismo e cidadania. Byrne participou de mesa

intitulada “Tour dos trópicos” na tarde deste domingo (10), último dia da Festa Literária de

Paraty.

É que ele promove o livro “Diários de bicicleta”, relato de suas viagens por variadas

cidades do mundo a partir da perspectiva de um ciclista convicto, que começou seus passeios

sobre duas rodas nos anos 1980, em Nova York.

“O livro que fiz não é sobre bicicletas”, disse Byrne logo no começo de sua palestra. Ele

trata de como o modelo atual de urbanismo, em sua opinião, é insustentável. O escocês

promove a opinião de que as bicicletas podem ajudar a solucionar esse problema.

“Quanto mais pessoas andam de bicicleta, o número de acidentes com ciclistas diminui”,

falando sobre o que costuma ouvir sobre São Paulo, considerada uma cidade perigosa para se

andar de bicicleta.

Otimista, o ex-Talking Heads disse ainda sobre a capital paulista: “São Paulo tem potencial,

é mais verde do que se pensa.”

Ao longo de sua fala, exibiu fotografias que tirou durante suas viagens. Mostrou o que chama

de “áreas mortas” dos Estados Unidos. Conexões de rodovias, áreas abaixo de viadutos, que

afastam as pessoas.

“Muitas dessas áreas deram lugar a estacionamentos. São áreas mortas, onde não há interação

humana, não há esportes. E são venenosas, se espalham para regiões vizinhas também”, disse.

Em seguida, mostrou exemplos na Europa de cidades em que, apesar de os automóveis não terem

sido completamente banidos, as prefeituras tornaram mais difícil sua circulação, fechando

ruas apenas para os pedestres. Elogiou Berlim e Amsterdã.

O especialista em urbanismo Eduardo Vasconcellos também participou da conversa, expondo a

experiência de quem conhece o exemplo de um país em desenvolvimento. “Nós criamos cidades

hostis. A elite precisa do automóvel para sobreviver. No governo, as pessoas têm automóveis.

Naturalmente, os decisores optam pelas opções em favor do automóvel”, disse. (Fonte: Marcus

Vinícius Brasil/ G1)

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